Chama-se mártir na teologia cristã aquele ou aquela que,
para testemunhar e confessar sua radicalidade e autenticidade à fé, é vítima de
morte violenta. Há 28 anos, no dia 24 de março, Dom Oscar Romero, bispo de El
Salvador, tornou-se mártir...Romero era um homem do povo, simples, de profunda
sensibilidade para com os sofrimentos de sua gente, de firme perspicácia,
aliada à coragem e decisão. Na década de 70, a maioria dos países
latino-americanos vivia a dura experiência das ditaduras militares. Também, em
El Salvador, era um período de grandes conflitos.Em 1977, Oscar Romero foi nomeado Arcebispo de El Salvador.
Em 1979, o presidente do país foi deposto por golpe militar. A ditadura
instalou-se e, pouco a pouco, se acirrou a violência. Reinava o caos político,
econômico e institucional.De janeiro a março de 1980 foram assassinados/as 1015
salvadorenhos/as. Os/as responsáveis pertenciam às forças de segurança e às
organizações conservadoras do regime militar.Nessa ocasião, dois sacerdotes foram assassinados por
defenderem camponeses que foram pedir abrigo em suas paróquias. Um deles era o
jesuíta Rutilio Grande. Diante de seu cadáver, Dom Romero experimentou profunda
conversão. Deixou sua posição moderada e, com impressionante coragem, colocou-se
sem medo no epicentro do conflito, falando e atuando.Sua intenção não era acirrar os ânimos, mas conscientizar as
pessoas, e, sobretudo, os responsáveis pelo poder, de que a paz só poderia vir
pela via da justiça. E que os/as pobres não podiam ser massacrados pela
injustiça e pela violência.No dia 24 de março de 1980, Dom Romero foi fuzilado enquanto
celebrava missa na capela do Hospital da Divina Providência, na capital de El
Salvador. Enterrado pelo povo dilacerado pela dor e pela orfandade, seu nome
foi incluído na relação dos 1015 salvadorenhos assassinados, em 1980.
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