HISTÓRIA

A Estância Turística de Eldorado está ao sul do estado de São Paulo, no Vale do Ribeira, região apelidada de "Amazônia Paulista" pelo naturalista, botânico e geólogo português, Manoel Pio Correa, em visita científica por volta de 1920, e reconhecida pela UNESCO como "Reserva da Biosfera do Patrimônio Mundial" desde fevereiro de 1993. É o 4º maior município paulista em território com 70% de sua área coberta por mata atlântica em bom estado de conservação. Abriga várias cavernas, onde a mais conhecida é a Gruta da Tapagem ou "Caverna do Diabo", muitas trilhas e cachoeiras além de uma rica história e cultura preservada nas comunidades quilombolas.
O Eldorado é uma antiga lenda narrada pelos índios aos espanhóis na época da colonização das Américas. Falava de uma cidade cujas construções seriam todas feitas de ouro maciço e cujos tesouros existiriam em quantidades inimagináveis.
Acreditou-se que o Eldorado fosse em várias regiões do Novo Mundo: uns diziam estar onde atualmente é o Deserto de Sonora no México. Outros acreditavam ser na região das nascentes do Rio Amazonas, ou ainda em algum ponto da América Central ou do Planalto das Guianas, região entre a Venezuela, a Guiana e o Brasil (no atual estado de Roraima). O fato é que essas são algumas — entre as várias — suposições da possível localização do Eldorado, alimentadas durante a colonização do continente americano. Apesar da lenda, muito ouro e prata foram descobertos nas Américas, em territórios como o Alto Peru, Sudeste do Brasil e nas regiões onde viviam as civilizações azteca, inca e maia.
O termo Eldorado significa O (homem) dourado em espanhol; segundo a lenda, tamanha era a riqueza da cidadela, que o imperador tinha o hábito de se espojar no ouro em pó, para ficar com a pele dourada.
A história da Estância Turística de Eldorado começa por volta de 1630, quando exploradores portugueses adentraram o rio Ribeira à procura de veios de ouro, metal que já tinha sido encontrado nas proximidades da Vila de Iguape. Os primeiros povoados, também chamados de arraiais de mineração, criados às margens do Ribeira foram Ivaporunduva e Jaguary (dois vocábulos de origem guarani; o primeiro com o significado de rio de muitas frutas ou de fartura e o segundo, jaguar-hy - rio do jaguar, como era chamada a onça parda ou suçuarana). Em seguida, surgiram Sete Barras, Boa Esperança, Braço e Sant´Ana, hoje Iporanga (água bonita, em guarani). O ouro retirado nessas localidades era registrado num porto (onde hoje é a cidade de Registro, considerada a capital do Vale do Ribeira) e depois era fundido em barras e descontado o quinto real na primeira “Casa de Fundição” do Brasil, também considerada a primeira “Casa da Moeda” brasileira, em Iguape.
Por volta de 1750 um outro povoado começou a se formar, cerca de 20km, rio abaixo, de Jaguary, hoje Itapeúna (pedra preta pontuda, em guarani): o povoado de Xiririca, de fronte à foz do ribeirão de mesmo nome e afluente do Ribeira. (Xiririca é uma palavra de origem indígena (guarani) e onomatopéica. Refere-se ao som que a água dos ribeirões produz quando atravessa uma corredeira (algo como: o “xiriricar” da água). A palavra foi traduzida, simploriamente, como “água corrente” ou “corredeira”.)
Em 16 de janeiro de 1757, os irmão Veras, de uma das mais importantes famílias dessa época de colonizadores, doaram duas casas no povoado de Xiririca para a construção de uma capela. No dia 8 de setembro do mesmo ano a capela recebeu a imagem de Nossa Senhora da Guia que passou a ser a padroeira do lugar.
Xiririca pertencia politica e eclesiasticamente à Vila de Iguape. Em 13 de janeiro de 1763, após ter nomeado um pároco para a localidade, Pe. Dr. José Martins Tinoco, Xiririca passou à categoria de Freguesia, portanto, independente eclesiasticamente de Iguape.
A ocorrência de duas grandes enchentes, que causaram grandes prejuizos à Freguesia de Xiririca, em 19 de janeiro de 1807 e 28 de janeiro de 1809, levantaram a discussão de mudança do povoado. A mudança veio de forma paulatina, controversa e com inúmeros conflitos por parte dos habitantes contrários e favoráveis, entre 1816 e 1834, para o Porto da Formosa, em local mais alto, e cerca de 2km rio abaixo.
Finalmente, pela lei nº 28 de 10 de março de 1842 assinada pelo Barão de Monte Alegre, presidente da província, era a Freguesia de Xiririca elevada à categoria de Vila, o que, na época, equivalia a município. Xiririca passava a ser independente de Iguape. No entanto, só em 2 de maio de 1845 instalou-se a primeira Câmara Municipal sob a presidência do padre Joaquim Gabriel da Silva Cardoso.
Em 2 de março de 1857 chegou primeiro barco a vapor (o “Estrela”) à Vila de Xiririca, iniciando um período promissor de escoamento de produção e entrada de mercadorias dos grandes centros.
Em 31 de agosto de 1871, nasce aquela que hoje é apontada por muitos como a maior poetisa do Brasil: Francisca Júlia da Silva Munster. Ainda menina, mudou-se para São Paulo com os pais onde construiu sua vida de escritora numa época em escrever era algo apenas para os homens. Francisca Júlia faleceu em 1º de novembro de 1920, logo após a morte de seu marido.
A Comarca de Xiririca foi criada em 6 de julho de 1875 e instalada em 25 de novembro do mesmo ano.
Em 1896, o pesquisador e naturalista Ricardo Krone, em expedição científica pelo Alto Vale do Ribeira, descobre oficilamente a Gruta da Tapagem que, posteriomente ficou conhecida como “Caverna do Diabo”, de grande importância para o turismo da região e do estado.
Em setembro de 1926 foi inaugurada a Usina de Energia Elétrica, uma das primeiras do estado de São Paulo, instalada no ribeirão Xiririca, que abasteceu a cidade até 1962. No dia da inauguração da iluminação, o engenheiro Nuno Silva, que estava à frente do empreendimento, minutos antes do horário previsto para a operação, subiu num poste para fazer um reparo, quando a luz foi ligada. Atingido pela descarga elétrica, ele foi levado em estado gravíssimo para Santos, onde faleceu.
Em 24 de dezembro de 1948, o nome Xiririca foi substituido por Eldorado Paulista, em alusão ao período do ciclo do ouro. Na época, outros nomes foram sugeridos como “Miraluz” e “Formosa do Ribeira” mas, Eldorado acabou sendo o escolhido.
Em 1970, o lider do VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), Capitão Carlos Lamarca passou por Eldorado, vindo do sertão de Jacupiranga, passando pelos lados Alto Rio Batatal, Areado e Barra do Braço. Na Praça Nossa Senhora da Guia, o guerrilheiro e mais 8 homens trocaram tiros com a polícia local. Em seguida atravessaram a ponte sobre o Ribeira e foram para Sete Barras onde renderam um caminhão do exército e fugiram para São Paulo. Lamarca e seu grupo lutavam contra o regime da ditadura militar. Em setembro de 1971 foi morto no sertão da Bahia depois de traído por um de seus companheiros.
As belezas naturais, rios, cachoeiras, cavernas e a riqueza cultural e histórica, contribuiram para que o município fosse reconhecido como Estância Turística em 1º de agosto de 1995.
Em janeiro de 1997, a maior enchente da história assolou o Vale do Ribeira. O Rio Ribeira subiu mais de 14 metros acima de seu nível normal causando enorme prejuízo a toda região.
Hoje, Eldorado luta para retomar seu crescimento, com o desafio de aliar o desenvolvimento econômico às questões socioambientais, construindo um futuro onde as gerações que ainda virão possam desfrutar de seus recursos naturais de maneira sustentável.

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